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Você tem medo de ficar velho e só?

Você tem medo de ficar velho e só?

No me conte sua historia, falo de uma mulher que lida com o abandono, a tristeza, mas sempre com um sorriso no rosto.

Eu com a Dona Maria José

Eu com a Dona Maria José

Ela é Dona Maria Jose, muita conhecida como a Mãe ou também chamada por muitos de tia.

Transmite, paz e amor em cada palavra que fala.

 

“Eu trabalhava em um asilo da Congregação Crista, e hoje o Centro de Amparo Jesus Maria José existe por causa do Quintino Gonçalves. Um idoso, morador de rua que ficou comigo durante 20 anos.

Em um dia de trabalho normal no lar da Congregação Cristã (que nem existe mais) isso no começo da década de 90. Chegou pra gente, um idoso, morador de rua, não tínhamos como receber, porque não tínhamos vaga. Ele ficou por uma noite, no outro dia, tentaram levar ele pra outro lugar. Mas não tinha vaga, ele não tinha onde ficar.

E eu vendo aquilo tudo, um homem, que não podia andar, estava doente, não tinha família, não tinha para onde ir. O amor pelo próximo falou mais alto. Eu levei ele pra minha casa.

Muita gente me chamou de louca, afinal de contas, eu tinha marido, 3 filhas pequenas (10 anos, 7 e 5 anos), trabalhava como diarista para ajudar meu marido a pagar as contas da casa. Ele sempre foi pedreiro. Nunca tivemos luxo, nossa vida sempre foi de muita luta.

Algum tempo depois, quando eu já cuidava de 3 idosos, uma pessoa no extremo da maldade humana, fez uma denuncia.

Eu me lembro como se fosse hoje, eu estava em casa, cuidando das minha família e daquelas três pessoas já de idade e doentes, foi quando chegou a policia, e um carro de reportagem de televisão. Eles vieram averiguar o que estava acontecendo. Mas Deus é tão bom, tocou o coração daquelas pessoas, e depois daquele dia nada mais faltou na minha casa. Doações começaram a chegar, me ajudaram a regularizar a situação do lar. Alunos de universidade vinham ajudar. E eu só tenho a agradecer.

Hoje atendo 93 idosos, através do serviço social, temos convenio com prefeitura de Pinhais, São José dos Pinhais. São mais de 50 pessoas envolvidas com o lar, são médicos, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, equipe do administrativo, assistente social, nutricionista. Sozinho não fazemos nada, o ser humano não nasceu para ficar sozinho. Temos que estar todos juntos para poder fazer o bem ao próximo. Onde tem amor, tudo reina, tudo fica mais fácil, tem dias que eu durmo, sem saber o que vou dar para eles comerem, mas no outro dia parece que tudo se resolve. Tudo o que eu faço pelos outros, deus reverte.

No último domingo fiz 59 anos, e desde que eu lembro faço caridade. Quando eu era criança, morava em Borbonia, uma cidadezinha perto de Campo Mourão. Eu atravessava o rio lontra com agua pelo pescoço para fazer caridade. A minha mãe pensava que eu estava dormindo, e pegava os mantimentos de casa para levar para quem mais precisava. Ela ficava muito brava, cheguei a apanhar, mas enquanto ela estava ali brigando comigo, eu ria, e dizia: “A senhora não tem bom coração, isso daí eu já dei, já enchi a barriga dos necessitados”.

Nunca tinha dificuldade, eu dava um jeito.

Eu amo o próximo como a mim mesma, já tentaram me mudar, no começo do meu casamento, meu marido tentou fazer com que eu parasse com isso. Mas eu disse a ele que não conseguia, esse sentimento é maior do que eu. E ele, me apoiou, e passou a me ajudar, ele que faz as obras aqui no Lar ate hoje, tenho muito a agradecer João Candido de Souza.

Fiquei muito preocupada, quando as minhas filhas estavam adolescentes, e elas passaram a me cobrar, elas diziam: “mamãe, como vamos fazer? Não temos nem pra gente, ajudamos tanto os outros, e não temos como fazer faculdade, nós queremos estudar”

E eu dizia, Minhas filhas tenham calma, tudo vai dar certo, e com muita luta e fé, elas terminaram os estudos, e na época do vestibular apareceu um homem com terno preto aqui no portão do lar. Esse homem pediu o numero de uma conta, e disse que iria ajudar na faculdade das minhas filhas, não sei o nome dele, não sei de onde ele veio, nem para onde ele foi. E depois disso, todo mês tinha o dinheiro da faculdade das meninas, quando elas terminaram, o dinheiro parou e entrar. A Paula hoje é nutricionista, a Luciana é enfermeira e a Alessandra é pedagoga, parece até um sonho. É incrível, mas não posso falar quem foi, e digo que foi Deus.

Se fosse para eu começar, faria tudo de novo, a vontade de ajudar, e o amor que eu sinto pelos idosos é infinito.”

 

Você pode ouvir a minha conversa completa com a Dona Maria José

 

Centro de Amparo ao Idoso Jesus Maria José

Telefone: (41)3385-7859

Carol
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