Dieta sem glúten e suas evidências científicas no emagrecimento
A professora de nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie Renata Furlan Viebig fala sobre a Dieta sem glúten e suas evidências científicas no emagrecimento
A exclusão do glúten da dieta destes pacientes não cura a DC, mas a mantém em remissão clínica, ou seja, há melhora de sinais e sintomas e a doença para de progredir. A substituição dos alimentos com glúten na dieta pode ser realizada utilizando-se milho, fubá, arroz, batata, mandioca, polvilho, soja, quinua e suas farinhas, porém, o número de produtos prontos oferecidos para a população celíaca ainda é pequeno, principalmente fora dos grandes centros urbanos, o que dificulta o seguimento da dieta.
Pacientes com DC podem desenvolver quadros graves mesmo quando em contato de traços de glúten em alimentos e assim, garantir uma dieta absolutamente isenta de glúten é praticamente impossível, considerando-se a ocorrência de, ao menos, um grau mínimo de contaminação na alimentação diária.
A professora Renata da dicas para os pacientes diagnosticados com DC “o pessoa deve sempre conhecer os ingredientes que compõem as preparações alimentares e fazer leitura minuciosa dos ingredientes listados nos rótulos de produtos industrializados. Isto se agrava quando se trata do público infanto-juvenil, uma vez que ainda não estão alfabetizados”.
Na contramão do que ocorre com o paciente com DC, recentemente, alguns profissionais da área de saúde e, em especial, a mídia e as redes sociais, têm sugerido que uma dieta isenta de glúten pode levar ao emagrecimento de pacientes sem DC, além de outros possíveis benefícios. Há publicações e livros com títulos bastante chamativos como “Barriga de glúten”, as quais vem sendo comercializadas livremente e a população cobra um posicionamento dos profissionais nutricionistas a respeito destas práticas. E nesse caso a nutricionista alerta: “pesquisas realizadas nos últimos anos mostraram que, além de não ocorrer o emagrecimento na maior parte dos indivíduos em dieta GF, muitos ainda ganharam peso, pois substituem alimentos como pão, macarrão e biscoitos por outros alimentos de maior valor calórico. Além disso, produtos de panificação sem glúten são pobres em fibras e contém mais gorduras e açúcares”.
No último dia 25 de março de 2016, a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição – SBAN publicou sua posição a respeito da adoção de dietas sem glúten ou gluten free (GF), com base em uma análise crítica da literatura disponível. A principal conclusão dos pesquisadores foi de que não há evidências suficientes para supor que indivíduos saudáveis possam extrair qualquer benefício de uma dieta GF.
http://nutrirejournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s41110-016-0005-y